Discurso de ódio contra mulheres na internet: diagnósticos e soluções para o caso brasileiro



Parte I – Sobre proponente e co-proponente

Proponente

Nome:

Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP)

Estado:

Rio de Janeiro

Região:

Sudeste

Setor:

Comunidade Científica e Tecnológica

Parte II - Sobre o Workshop

Resumo do workshop

Segundo a ONU (2018), 23% das mulheres no mundo já sofreram algum tipo de violência em ambientes digitais. Com a aproximação das eleições no Brasil, o assunto engrossa as discussões sobre discurso de ódio na internet, sobretudo com viés de gênero. O objetivo deste workshop é fomentar essa discussão, traçar um diagnóstico e avançar na reflexão sobre possibilidades de enfrentar esse problema complexo, a partir de ações no âmbito do governo, das empresas, da academia e do terceiro setor.

Objetivos e conteúdos do workshop

Os principais objetivos são: elencar os tipos de ofensa que mais são dirigidos às mulheres na internet, no contexto brasileiro; fazer paralelos da prática do discurso de ódio com viés de gênero entre o Brasil e outros países; debater que dispositivos legais no país, hoje, podem ser acionados para combater essa prática; identificar políticas de moderação das principais plataformas de mídias sociais; propor formas de combate ao discurso de ódio contra a mulher na internet no âmbito brasileiro. Com base nesses objetivos, o conteúdo do workshop vai ser dividido entre diagnósticos e possibilidades concretas de combate. A primeira parte vai se ocupar de dar visibilidade a pesquisas, relatórios e mapeamentos que ajudem a fazer um desenho sobre quais são as principais ofensas contra mulheres e meninas na internet, no Brasil, e em que se baseiam, buscando apontar algumas especificidades como a que acontece em períodos eleitorais. Na segunda parte, o workshop vai focar nos mecanismos de enfrentamento possíveis, a partir da legislação vigente e das políticas de moderação de conteúdo estabelecidas pelas grandes plataformas. A ideia é entender como leis de âmbito constitucional, civil e penal, em conversa com ordenamentos mais recentes como o Marco Civil - e os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, como o PL 2630/2020 e o PL 3.227/2021 - podem ser articuladas para identificar a prática de discurso de ódio e coibi-la ou mesmo puni-la. Além disso, as discussões vão indicar como os termos de uso e políticas de comunidade das plataformas definem o discurso de ódio e suas vítimas e de que modo elas detectam a prática e encaminham as denúncias.

Relevância do tema para a Governança da Internet

A violência de gênero on-line é um tipo de discurso de ódio que incita a agressão contra meninas e mulheres tendo como base a ideia de que elas não merecem ser tratadas de forma igualitária. A vulnerabilidade social das mulheres, dentro ou fora de ambientes digitais, faz com que elas sejam o principal alvo desse tipo de ataque. Dados da Safernet Brasil mostram que as mulheres foram 68% das vítimas em denúncias de discurso de ódio on-line, mapeadas pela ONG entre 2006 e 2020. A proximidade das eleições no Brasil, em 2022, e o intenso uso de redes sociais agregado às campanhas políticas tornam o debate ainda mais urgente. As mulheres são também o principal alvo de violência política na internet, quadro que se agrava para as negras. Foi o que revelou o relatório MonitorA, produzido pela InternetLab e a revista AzMina. Isso indica quão crucial é o debate aprofundado do tema para que a discussão sobre as formas de autorregulação e moderação das plataformas, os marcos legais e as tomadas de decisão ganhem forma e força, assim como a criação de programas compartilhados em torno do tema. Nesse sentido, publicizar mecanismos que identificam e desarticulam a incitação à violência contra meninas e mulheres, no universo digital, é um modo de equipar indivíduos multiplicadores no enfrentamento de dinâmicas de silenciamento com que elas lidam e, assim, fortalecer o processo democrático. Ao valer-se de experiências produzidas em diferentes setores, o workshop dá acesso a um conhecimento de caráter colaborativo, porque coloca em interlocução pesquisas, aplicações do ordenamento jurídico, iniciativas da sociedade civil e políticas de moderação de conteúdo. O tema se alinha, portanto, aos princípios da promoção dos direitos humanos e dos valores democráticos, da universalidade, da diversidade, da construção de um ambiente legal e regulatório e da visão colaborativa.

Forma de adequação da metodologia proposta

Primeiro bloco (30 minutos): Após dar boas-vindas e elencar os objetivos do workshop, a moderadora vai apresentar brevemente as componentes da mesa. O bloco terá uma pergunta norteadora, dirigida a representantes da academia e do terceiro setor. Deverão apresentar as especificidades do discurso de ódio na internet e fazer um diagnóstico sobre a prática no Brasil, utilizando estudos, mapeamentos, casos e processos, entre outros recursos. Segundo bloco (25 minutos): também se baseará em uma questão norteadora, desta vez, para representantes dos setores governamental e empresarial, que versarão sobre estratégias de combate ao discurso de ódio, como ordenamentos jurídicos, políticas de moderação, campanhas de conscientização, trabalho educativo etc. Terceiro bloco (35 minutos): O terceiro bloco consistirá na participação de cada palestrante comentando questões oriundas das interações que a organização proponente provocará em suas redes sociais sobre o tema e de questões endereçadas à mesa

Engajamento da audiência presencial e remota

Dentre as possibilidades de a proponente impulsionar a participação no debate, estão: Disparo em lista de transmissão do WhatsApp para pessoas interessadas no assunto e jornalistas, antes e durante o evento; Envio de e-mail para grupos específicos de pesquisa, de trabalho e de redes, entre outros; Postagem de perguntas e enquetes nos perfis de redes sociais da proponente, engajando a audiência e reunindo material para alimentar a moderação do workshop; Incentivo a que participantes (presencial e/ou on-line) enderecem questões por escrito aos palestrantes; Uso da hashtag #DiscursodeOdioeGenero para o acompanhamento do workshop; Disponibilização de links de documentos, relatórios, pesquisas, projetos, organizações e material de diferentes naturezas para os participantes se inserirem no tema.

Resultados pretendidos

Com a realização do workshop, esperamos resultados de duas ordens diferentes. Uma no âmbito da conscientização e ampliação do debate sobre o tema proposto e outra no da atuação conjunta multisetorial na formulação de estratégias de combate ao discurso de ódio on-line com viés de gênero. Tais como: Desenvolvimento de conhecimento crítico sobre o discurso de ódio on-line baseado em gênero; Formulação de um repertório de argumentos, iniciativas e possibilidades para inserção em um quadro mais amplo de detecção e enfrentamento dessa prática; Atuação dos participantes como vetores de mudança em seus espaços de ação - públicos e privados; Aporte para a audiência lidar com a problemática no âmbito das eleições de 2022; Fomentar novas iniciativas e identificar desafios emergentes, a partir das trocas entre palestrantes com diferentes experiências.

Relação com os príncipios do Decálogo

Liberdade, privacidade e direitos humanos

Temas do workshop

DINC – Gênero | ISCI – Discurso de ódio | QJUR – Moderação de conteúdo |

Aspectos de diversidade relevante

Gênero | Cor ou raça | Outro |

Como a proposta integrará os aspectos de diversidade

O aspecto de gênero é central para a proposta, uma vez que as mulheres são 68% das vítimas em mais de 2,5 milhões de denúncias contra discurso de ódio na internet, no Brasil, de acordo com dados de uma série histórica realizada pela ONG Safernet Brasil, entre 2006 e 2020. Sobre os aspectos racial e político-ideológico, a discussão vai se valer de pesquisas e monitoramentos realizados recentemente no país para levar evidências da necessidade de uma abordagem interseccional do assunto, além de oferecer relatos de casos que comprovam tal relação. Além da discussão em si, a organização do workshop se propôs a realizar uma mesa exclusiva de mulheres, com representatividade de estado, área de atuação e cor.
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